Esta pesquisa teve como objetivo compreender como se articulam as propostas de formação continuada para professores de Educação Infantil, empreendidas pela rede municipal de ensino de Santa Maria – RS. Assim, também buscamos identificar de que maneira as formações continuadas do Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa (PNAIC) repercutiram no trabalho docente dos professores de Educação Infantil e nas políticas de formação continuada do município de Santa Maria – RS. Tendo em vista que o PNAIC é um programa que tem por objetivo qualificar os professores em suas práticas de alfabetização, nos chama atenção que a Educação Infantil tenha sido inserida em tal proposta, tendo em vista que esta etapa não tem como objetivo alfabetizar, nem preparar para o ingresso no Ensino Fundamental. Além disso, identificamos uma nova proposta de formação continuada no município, o Programa Municipal de Letramento e Alfabetização (PROMLA), que surge como uma repercussão do PNAIC, gerando desconforto por parte dos professores de Educação Infantil, que foram separados entre creche e pré-escola para vivenciarem os processos formativos. Não bastasse a etapa ser dividida, os professores de pré-escola ainda foram agrupados aos professores dos primeiros anos do Ensino Fundamental, em uma formação claramente voltada à alfabetização. No decorrer da escrita, essas e outras questões são problematizadas. Como aporte teórico para a realização da pesquisa, utilizamos as escritas de Kuhlmann Jr. (2003), Oliveira (2010), Tardif e Lessard (2008), Hypolito (1997), Ferreira (2019), além de outras obras e documentos pertinentes às temáticas abordadas. Neste sentido, esta pesquisa qualitativa se sustentou na abordagem do Ciclo de Políticas (BALL, 1994) (MAINARDES, 2006), utilizando, como instrumentos para a produção dos dados, as entrevistas semiestruturadas e o questionário online, contando com a participação de oito sujeitos. Assim, identificamos que as formações empreendidas pelo PNAIC na Educação Infantil, no município de Santa Maria – RS, tiveram várias interpretações e sua execução se deu devido às concepções dos sujeitos responsáveis por colocá-lo em prática, diante de muitas fragilidades e situações de descaso por parte do governo. Nesse contexto, presenciamos a criação de um outro Programa de formação continuada – PROMLA – que também não garantiu os subsídios necessários para um processo formativo de qualidade e que respeitasse as especificidades de cada faixa etária de modo contextualizado, reforçando discursos e práticas de ensino preparatórias e tradicionais.