TRABALHOS ACADÊMICOS SOBRE Educação da UFSM
Modos outros de pensar a infância: um convite ao pensamento a partir da educação especial
2019
Autor
Leticia de Lima Borges
Orientador
Eliana da Costa Pereira de Menezes
Nível Acadêmico
mestrado: Mestrado
Resumo
Os modos de pensar e produzir a infância na escola foram o tema que motivou a escrita desta pesquisa de dissertação, que buscou problematizar os efeitos da articulação das práticas da Educação Especial com a Educação Infantil na produção da infância, a partir da política de ampliação da obrigatoriedade de frequência para os quatro anos de idade. Para isso, nove (9) professoras de Educação Especial da rede municipal de Santa Maria/RS que articulam suas práticas com a Educação Infantil foram convidadas a pensar a produção da infância e de suas práticas nesse cenário. Apoiada nos estudos pós-estruturalistas, principalmente, nas teorizações de Michel Foucault sobre a noção de discurso, entendendo-o como uma prática produtora de sujeitos e verdades, portanto, realidades, busquei compreender que infância é essa que vem sendo produzida na articulação dessas práticas. A partir das confissões das professoras de Educação Especial, pude tensionar que os discursos produzidos na articulação das práticas investigadas operam como estratégia para a governamentalidade biopolítica capturar a infância antecipadamente e produzir um modo de ser a partir de um ideal de normalidade, como prática de gestão do risco. Percebi que esse modo de produção da infância passou a estabelecer os processos de governamento na escola, na articulação das práticas da Educação Especial com a Educação Infantil e nas famílias, produzindo, como efeito, uma subjetividade infantil que possibilitou inventar um modo de ser para a infância: a infância deficiente. Nesse contexto, visualizei também duas dobras indissociáveis que pensam os modos de ser infância, as quais produzem como efeito, por um lado, um modo de pensar a infância engendrado a partir da naturalização das práticas de normalização colocadas em funcionamento pela Educação Especial, determinadas pela vontade de saber e pela vontade de verdade sobre a infância. Por outro lado, mas não oposto, encontrei um movimento potente de resistência que pensa a infância de um outro lugar; que buscou desnaturalizar as definições estáticas, universais e essencialistas do desenvolvimento humano nas práticas, permitindo perceber a infância como heterotopia, como um vir a ser infinito e múltiplo, não-nomeável, sempre indeterminado, que perturba essa noção linear e progressista de normalidade, mas possibilita seu devir. Modo outro de ver e pensar a infância que se mostrou como um pouco de possível dentro da escola. Essas duas dobras analíticas provocaram reflexões sobre alguns dos possíveis efeitos dos modos de pensar e produzir a infância, a partir das práticas da Educação Especial no contexto da Educação Infantil, que permanecem como um convite ao pensamento
Palavras-chave
Discurso. Infância. Educação Especial. Educação Infantil. Heterotopia. Governamento. Biopolítica.
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