A Tese de Doutorado que ora se apresenta tem por objetivo central analisar os processos por meio dos quais se constituem modos de ser pesquisador/a negro/a nos espaços de produção intelectual-acadêmica no Brasil contemporâneo. Para a realização das análises propostas, lançou-se mão de ferramentas teóricas e metodológicas dos Estudos Foucaultianos aliadas a um repertório conceitual e analítico dos estudos acerca das Relações Étnico-Raciais, sobretudo no que tange o papel tático do campo educacional dentro das mobilizações e lutas antirracistas. O corpus documental da pesquisa é composto por produções científicas divulgadas na homepage da Associação Brasileira de Pesquisadores/as Negros/as (ABPN). As análises realizadas nesta Tese apontam que a autodeclaração étnico-racial; as condutas afirmativas da negritude imbricadas com a prática da produção científica; as posturas de combate ao racismo em âmbito individual, institucional e estrutural, bem como a construção de redes de apoio e centralidade da produção autoral negra presente nas pesquisas, são elementos recorrentes nos processos de constituição de determinados “modos de ser” de pesquisadoras/es negras/os no campo das intelectualidades acadêmicas negras. Esse conjunto de modos de elaboração das subjetividades negras pesquisadoras está sendo nomeando, nesta Tese, como “êthos negro pesquisador”. Espera-se que análises como a apresentada nesta Tese possam contribuir com as discussões no campo da Educação das Relações ÉtnicoRaciais, bem como estabelecer diálogos entre as perspectivas teóricometodológicas dos Estudos Foucaultianos com modos de pensar a produção de conhecimento acadêmico-intelectual a partir da prerrogativa do antirracismo radical enquanto eixo balizador do fazer científico no Brasil contemporâneo.