Observatório de Gestão e Políticas Públicas do TCE-RS
TRABALHO ACADÊMICO
TRABALHOS ACADÊMICOS SOBRE Educação da UFSM

Entre a escola da vida e a vida que atravessa a escola


2021


Autor


Orientador


Nível Acadêmico

mestrado: Mestrado


Resumo

Esta pesquisa foi desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em Educação, na Linha de Pesquisa Inclusão, Educação Especial e Diferença, da Universidade Federal de Santa Maria – RS, como parte dos estudos produzidos no âmbito do Grupo de Pesquisa Diferença, Educação e Cultura – DEC/UFSM, durante o período marcado pela Pandemia do Coronavírus. A presente investigação teve por objetivo compreender o sentido e o significado da escola para o(a) aluno(a) que se insere ou retorna para esse espaço na vida adulta, tendo como base a história de vida de Maria, uma mulher que se inseriu pela primeira vez na escola aos 69 anos em busca do sonho de aprender a ler e a escrever. Sob inspiração teórico-metodológica de estudos pós-estruturalistas em educação, a pesquisa assume como materialidade analítica a narrativa de Maria sobre o seu processo de escolarização, e ainda o livro “Minhas palavras” produzido por ela um ano após ingressar na escola. Ao olhar para tal materialidade, considerando o objetivo proposto, a pesquisa estabelece uma aliança com Hannah Arendt, procurando pensar sobre o quanto a escola vem a se apresentar como uma possibilidade de natalidade para alunos(as) que retornam ou se inserem na escola já na vida adulta. Em outras palavras, o conceito da filósofa mostrou-se útil para pensar que através da escola, possa ser possível um nascer para o mundo, à medida que esse sujeito passa a se sentir existente e nele incluído. Em diálogo com essa discussão,Walter Kohan foi também fonte de inspiração para discutir sobre como a escola nos permite ser, muito além do tempo cronológico, sujeitos infantes. Ao trabalhar nos materiais, também foram identificadas questões relativas à desigualdade social, desigualdade de gênero e relações da sociedade patriarcal, entendidas como essenciais de serem anunciadas e discutidas nas análises. Tais questões foram significadas como pandemias duráveis (pandemias naturalizadas pela sociedade), percebidas por entre as narrativas de Maria e compreendidas como permanentes na existência de muitas outras Marias brasileiras (Marias essas traduzidas abrangentemente pelo coletivo de mulheres). Tais pandemias se mostraram como determinantes nas escolhas ou na própria interdição dos sonhos dessas mulheres. Ao concluir o trabalho, há a finalização do texto e da pesquisa, mas não da escrita e da vontade de reflexão. Dessa maneira, opta-se por deixar pistas para continuar a pensar sobre a educação e sobre a vida, a partir de outro olhar e tantos modos outros possíveis de se fazer escola, uma vez que não há conclusões quando decidimos ser pesquisadores de vidas e de existências.

Palavras-chave

Escola. Natalidade. Inclusão. Educação de adultos. Pandemia


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