O trabalho intitulado Discurso, mídia e manifestações culturais: o ethos da segregação na cidade mais branca do Brasil traz à tona questões relacionadas à construção da cultura e identidade de um povo por meio de seu discurso e ao modo como essa imagem cultural pode sofrer distorções quando veiculada pela mídia. Desse modo, o objetivo geral desta pesquisa é analisar a construção do ethos nos discursos de habitantes da cidade de Cunhataí enquanto materialidade veiculada pela UOL TAB na reportagem Uma cidade de brancos. Este estudo justifica-se na medida em que apresenta associações entre as maneiras de um povo comunicar-se e o impacto desse processo na construção e propagação de sua própria cultura e identidade. Para que este estudo se torne possível, os pressupostos teóricos que sustentam a análise estão calcados nas postulações de Dominique Maingueneau (1997, 2002, 2005, 2008a, 2008b, 2010a, 2010b) em torno de noções relacionadas à disciplina de Análise do Discurso, mais especificamente no que diz respeito às noções de cenografia e ethos discursivo. Além disso, as considerações em torno dos estudos culturais e identitários são apresentadas a partir dos estudos de Clifford Geertz (2015), Stuart Hall (2006) e Kathryn Woodward (2011). O corpus de pesquisa é composto por uma reportagem produzida e divulgada pelo canal online UOL TAB, de cerca de três minutos, e intitulada Uma cidade de brancos. A pesquisa caracteriza-se como exploratório-descritiva quanto aos objetivos, bibliográfica e documental quanto aos procedimentos e sua abordagem é qualitativa. A constatação deste trabalho é de que o ethos projetado no discurso da reportagem Uma cidade de brancos é um ethos de oposição e distanciamento em relação a qualquer representatividade dos negros e que essa imagem de si foi idealizada, principalmente, pelo plano enunciativo referente à reportagem enquanto produto finalizado, cujo discurso operou como um simulacro das manifestações discursivas dos moradores de Cunhataí participantes da reportagem.